a mulher á janela

_JPC4594_edit_editnão é cara laroca, nem postal para turista, neste desacerto a pedir utopias, bem lá no fundo tem uma janela para aceder ao telhado e estender a roupa, o que não é coisa pouca num mosaico, como os dias, se parecem momentos antes de ruir em ruídos de campanhas eleitorais.

© j paulo coutinho

sr Luciano

O Sr Luciano é uma personagem e um empreendedor. Tem escrito um "bom dia" nas costas do seu abrigo onde passa o dia: em madeira e plástico, com uma cadeira e uma mesa, fumando o seu cigarro electrónico e bebendo água. Construiu a sua explanada na Estrada da Circunvalação e ali passa os seus dias a ver literalmente os carros passar e entregue aos seus pensamentos, que só interrompe para o almoço, ou quando chega o fim de tarde. Nas traseiras guarda num saco as garrafas de água que se acumulam como cidadão exemplar. Por vezes, sinto-me um sr Luciano. © j paulo coutinho
O Sr Luciano é uma personagem e um empreendedor. Tem escrito um “bom dia” nas costas do seu abrigo onde passa o dia: em madeira e plástico, com uma cadeira e uma mesa, fumando o seu cigarro electrónico e bebendo água.
Construiu a sua explanada na Estrada da Circunvalação e ali passa os seus dias a ver literalmente os carros passar e entregue aos seus pensamentos, que só interrompe para o almoço, ou quando chega o fim de tarde. Nas traseiras guarda num saco as garrafas de água que se acumulam como cidadão exemplar.
Por vezes, sinto-me um sr Luciano.
© j paulo coutinho

pensar em nada

© j paulo coutinho Não Estou Pensando em Nada Não estou pensando em nada  E essa coisa central, que é coisa nenhuma,  É-me agradável como o ar da noite,  Fresco em contraste com o verão quente do dia,  Não estou pensando em nada, e que bom!  Pensar em nada  É ter a alma própria e inteira.  Pensar em nada  É viver intimamente  O fluxo e o refluxo da vida...  Não estou pensando em nada.  E como se me tivesse encostado mal.  Uma dor nas costas, ou num lado das costas,  Há um amargo de boca na minha alma:  É que, no fim de contas,  Não estou pensando em nada,  Mas realmente em nada,  Em nada...  Álvaro de Campos, in "Poemas"  Heterónimo de Fernando Pessoa
© j paulo coutinho
Não Estou Pensando em Nada
Não estou pensando em nada
E essa coisa central, que é coisa nenhuma,
É-me agradável como o ar da noite,
Fresco em contraste com o verão quente do dia,
Não estou pensando em nada, e que bom!
Pensar em nada
É ter a alma própria e inteira.
Pensar em nada
É viver intimamente
O fluxo e o refluxo da vida…
Não estou pensando em nada.
E como se me tivesse encostado mal.
Uma dor nas costas, ou num lado das costas,
Há um amargo de boca na minha alma:
É que, no fim de contas,
Não estou pensando em nada,
Mas realmente em nada,
Em nada…
Álvaro de Campos, in “Poemas”